9 de out. de 2008

Sábado à noite

Exercite a sua amante imaginação e invente os tons e sons que melhor preferir. Somos só eu e você. Mas isso não significa que as pessoas não possam ir chegando aos poucos e se aconchegando nas mesas de madeira espalhadas pelo salão. O ambiente é eufórico e tranqüilo ao mesmo tempo. O quadro exposto na parede chapiscada exala calma das flores de pincel. Na entrada, o nome da casa escrito em caligráfica Kelly Brown, estampa a cortina de vidro fumê, que esconde os rostos, mas mostra exatamente a quantas andam o movimento do bar. A contradição da noite paulistana começa a envolver os corações mais rígidos. E quem saiu de casa para fugir do estresse do mundo dos negócios, não voltará melhor nem pior. Apenas acompanhado de uma bela e delicada ressaca suicida. Mas deixem que se embriaguem os homens da mala, do carro prateado e dos olhos cifrados. Estamos só nós dois sentados no balcão do bar, esperando um drink colorido que nos levará a pista de dança, mais ao fundo do ambiente. Os garçons, jovens e sagazes, lutam contra dois dos maiores inimigos do homem: O extinto e o próprio organismo. As mulheres sós não buscam apenas o álcool. Querem saliva também. Saliva dos garçons jovens e sagazes. Mas deixem que se beijem as mulheres com decotes provocantes, perfumes cítricos e lábios desejosos. Repare que ali vem uma moça. Se eu não folheasse revistas de moda talvez nem reparasse nela. Mas me apaixonei pela roupa que veste a nossa nova personagem da noite. Uma bata branca com babados estratégicos (aumentam os seios, li algo sobre isso semana passada), uma saia com estampas geométricas e uma bolsa Cecconello preta, linda, deslumbrante. Espero que não note a minha observação. Faço pelo prazer que tenho em apreciar o bom gosto das pessoas, apenas isso. Mas e então, vamos dançar? O corredor que nos leva ao fundo iluminado por lasers é estreito propositalmente. As pessoas que entram e saem da pista não podem evitar o contato umas com as outras. Algumas mãos se encontram e se evitam depois. Outras não. (...) Quando as pessoas te disserem que “fervem” nas baladas da vida, não duvide. Olhe como está abafado aqui dentro. A fumaça, as luzes, o globo, o chão liso de álcool derramado, tudo parece estar entrando em ebulição. Mas o que eu mais quero agora é dançar ao som de Laurent Wolf e transformar meu atual estado sólido em gasoso puro e envolvente. Já sinto um sorriso que não estava no script se agarrar às minhas bochechas. Estamos transpirando, o corpo está diferente, as mãos parecem soltas, os pés mais leves e a música só pára se a gente quiser... “NO STRESS!” A noite está só começando para nós...

7 comentários:

Anônimo disse...

incrivel incrivel *-* escreve tão bem mel dels :x

te amo demais ;@

gerson oliveira disse...

nossa, eu adoro esses textos que descrevem tudo assim, me imagino lá, apenas observando, como agora *-*

Unknown disse...

é tãao bom quando a gente se desliga do mundo, mesmo que seja só por uns momentos, e se solta, e nada mais importa.

adoreei o post, começei a achar que tava mesmo, olhando p/ você.

falçando nisso. acho que ti vii..
Na Avenida.

beeijo.

Murillo Leal disse...

Belo texto descritivo!

murilloleal.bogspot.com

. disse...

"(...) Apenas acompanhado de uma bela e delicada ressaca suicida (...)"

O tipo mais perigoso de ressaca.

Adorei a forma como escreve.
O seu blog está lindo, de verdade.

Beijos.

Unknown disse...

nossa!
agora eu admito...
ficou foda, paguei pau!

Bjo bb

Alessandra Castro disse...

Ahhh tou precisando mesmo viver uns momentos assim. Intensos \o/