12 de out. de 2008

Night at Tribeca

Fui Paparazzi por um dia e estou ansiosa para repetir essa experiência. Infelizmente não estava com a minha câmera, mas fotografei cada momento de romance no Tribeca com os meus olhos ávidos de amor atrapalhado. Eu sempre gostei disso. Fico de longe observando as pessoas. Tento adivinhar pensamentos, imagino vozes, dou um novo nome, idade e um pouco mais de vida aos personagens reais das minhas noites em Manhattan. Ontem não foi diferente. Assim que entrei na Hudson Street com o celular prensado entre os ombros e a orelha, silenciei uma discussão sobre desencontros e parei diante de um rapaz. Ele aparentava ter entre 22 e 27 anos, cabelos curtos, castanhos, olhos atentos e coração claramente acelerado. A ansiedade costuma despertar em mim outro sentimento enlouquecedor: a curiosidade. Então permaneci ali por algum tempo, desliguei o celular, guardei-o na bolsa junto as chaves e encostei-me em um poste de luz. A idéia era observar o rapaz e o que estaria para acontecer até que Alisson retornasse a ligação em quinze minutos. Mas se ela realmente tentou ligar não conseguiu, pois desliguei completamente o aparelho quando percebi o quão interessante a noite seria dali em diante. De dentro de um táxi saiu uma mulher loira, com os cabelos encaracolados artificialmente (como as atrizes costumam fazer nas entrevistas do The Late Late Show), e vestindo um trench coat verde musgo. Há tempos não via abraço tão afetuoso. Mas sinceramente talvez tenha errado no adjetivo. A malícia daquele toque era evidente e a mulher, que aparentava ter entre 44 e 50 anos, tinha uma risada extremamente vulgar. Pude ouvir do outro lado da rua, mesmo com o barulho dos carros e dos jovens bêbados que gritavam frases incompreendidas de dentro dos carros. O casal então manifestou uma vontade enorme de sair daquela calçada, entrar em qualquer bar e esconder-se talvez... Imaginei aqueles dois sedentos de prazer vendo um filme no Dekk. Com certeza saciariam parte do desejo que deviam estar sentindo um pelo outro. A mulher seria Juliet e o jovem curioso de olhos atentos poderia atender por Tromeo. Tromeo & Juliet saindo da tela e invadindo as cadeiras do cinema. Mas seguiram na direção contrária e deixaram Hudson Street e seus filmes eróticos para trás. Entraram em um bar chamado Brandy Library, estalaram beijos, tocaram-se em sinuosas caricias e riram. Riram muito juntos. O ambiente do lugar era incrível, ajudava a dispersar qualquer sinal de preocupação. A decoração imitava uma biblioteca e os vinhos estavam estocados em prateleiras grandes, como se fossem livros. No palco próximo aos sofás mais baixos, um grupo de jazz encantava os ouvintes mais atenciosos e fumantes. A hora passou e eu nem notei. Só me dei conta do tempo quando a mulher deixou o seu garoto na mesa e seguiu até o bar onde eu estava tomando um coquetel. Sentou-se ao meu lado e tirou do bolso um celular vibrando. Atendeu. "Hi darling, I was at work. In fifteen minutes I am at home. I love you too, bye." Entre pausas angustiantes disse essas palavras, guardou o celular, deu as costas para o barman e voltou para a mesa. O rapaz levantou-se, beijou "Juliet" como se fosse o último beijo, olhou fixamente para os seus lábios, sorriu e soltou suas mãos. Os dois saíram do bar separados, não se falaram durante o caminho até a porta e não se olharam mais. A mulher pegou um táxi ali mesmo, na North Moore Street e imagino ter ido ao encontro do marido. O rapaz, agora com olhos desatentos, seguiu para a Varick Street e desapareceu entre a fumaça dos carros. Também fui para casa sozinha. Mas o peso da mentira e da infidelidade ficou no Tribeca, nas costas de Tromeu & Juliet.

11 comentários:

Anônimo disse...

viajei longe com esse texto!

te amo te amo te amo
e tbm espero que meu celular volte logo pra te mandar mensagens ;x

(L)

Daniela Filipini disse...

Trair é feio! :S
AEIHAOI, Viajei longe com esse texto! [2]

Unknown disse...

Ameei Bruna xD.

supeer d+ esse texto.


Putzz, então era uma meniina super parecida com você, ainda bem que eu não fui lá fala com a bendita.Imagina só o mico =S.

shauahaushsushua!*


beeijo

be pepper disse...

Parece a Carie do Sex And The City falando *-*

muy bom, muy bom o/\o

Sthéfanie Louise disse...

o.O To de cara! To de cara! Fiote de Deus!! Vc tem o dom mulher!!! De onde sai tudo isso? Fiu-fiu
Parabéns!! Quem me dera =x
Grande bjo
amo-tu

Anônimo disse...

ótimo texto! perfeito mesmo!

Maldito disse...

A sua forma de escrita empolga o leitor!
Excelente, Bruna!
Parabens!

B js

majv disse...

sério, o texto tá muito bom. escreve um livro pra mim.

meus instantes e momentos disse...

Muito bom voltar ao teu blog, gosto daqui.
Tenha um belo dia.
Maurizio

Paulinha. disse...

Amei seu textoo!
viajeei bastantee :~
auahauahuahauaha

Carlos Faber disse...

Busquei no Google " Tribeca at night " e me deparei com seu conto no mesmo instante que tirei a terceira cerveja da geladeira em um quarto no Hilton Garden Inn, na 6th com canal st. Parto amanhã de volta ao Rio e levo essa experiência que vc me proporcionou comigo.Leva jeito.

Carlos Faber (art dealer)