O mar agitado, a mente também. Espaços preenchidos pela emoção da menina que inundada de volúpia, estremecia a areia que a cercava. Já passavam das três da manhã, as nuvens escondiam as estrelas e a Lua extinta por elas, fazia do céu apagado, um teto negro e triste. Batiam nas pedras riscadas, ondas ríspidas e as mesmas inspiravam um movimento brusco da menina junto a um murmúrio seco, que calou rápido. Ventava muito, mas o frio estava esquecido, a mente devidamente aquecida com as lembranças de um verão inteiro, fazia da menina um objeto vivo de execução e os olhos só não estavam arregalados, saltando das órbitas, porque a areia que voava sem controle não permitia. Não era sua fase terminal, voltaria até a praia muitas noites depois daquela e seria igual a todas as anteriores. Ela sabia que a areia, o mar e o céu seriam seus únicos cúmplices e testemunhas. Não era possível viver ali, ninguém apareceria para ajudá-la se caso precisasse de ajuda. Era bom. Um cemitério deserto onde a sua carcaça seria única e a maré alta ou baixa sua eterna companhia. Esticou-se como um elástico e deixando cair os membros superiores na areia branca da praia, encolheu novamente as pernas despidas, abraçando-as com força. Inclinou o corpo para o lado esquerdo, e o vento passou a bater na nuca, deixando seus olhos livres da poeira. Viu de longe o que poderia ser um homem usando um chapéu desmedido, azul anil. Lembrou-se vagamente de um rosto familiar, pareceu-lhe uma expressão já conhecida, querida, amada. Não era ninguém. A atmosfera opressiva e seu efeito sufocante deram-lhe miragens e vozes. Ela sabia que era desvario, mas não podia controlar as vertigens, não queria controlar, era por isso que estava ali. O efeito não demoraria a passar. A dose daquela noite, não havia sido das mais exageradas. Quando as trevas se dissipassem e o pôr do sol viesse em meio a nuvens de uma manhã nebulosa, aquela madrugada sufocante seria apenas mais uma e os prazeres sentidos, apagados completamente para viver um novo dia comum. Conturbado, exagerado, comum. Acordou com fios de cabelo na face, areia por todo corpo e algumas manchas de sangue na manga desabotoada. Respirou fundo, olhou o horizonte e pensou mais de duas vezes em despir-se totalmente e mergulhar naquelas águas cinzas. Desistiu da idéia, vestiu a calça jeans úmida, calçou o tênis surrado depois de tirar-lhe toda areia de dentro e foi se levantando devagar. Estava já de pé, mas parecia estar entre um colchão de espinhos. As costas doiam-lhe intensamente e os olhos ardiam em brasa. Deu dois passos, recolheu alguns objetos que caíram da bolsa quando se virou outrora e os colocando dentro da mesma, viu atrás de si o mar desvanecer. Estava viva. Mas outra vez um pedaço da sua juventude ficou na praia, boiando nas ondas de sal, morta e completamente esquecida.
14 de ago. de 2008
OUTRA NOITE SEM LUA
Assinar:
Postar comentários (Atom)
11 comentários:
como você escreve bem, eu fico boba lendo seu blog *-*
e podeixar que eu conto tudo depois :D
te amo ;@
gosto de visitar teu blog. Sempre muito bom. Belo post.
Maurizio
Muito bom! Infelizmente, estou todo enrolado aqui, então farei deste um comentário breve, mas não menos elogioso que o merecido.
Você tem um talento especial.
Beijos.
nossa... me bateu uma solidão lendo isso.
E q saco... odeio esse povo pagando pau pro povo que escreve em blog
AUHAHUAHUAAHUHUAAHUHUAAHUHAUAHUHUAHUAHUAAHUAHAUAHUAHAU
bjo bb... e a recíproca é verdadeira
Q história alucinante e ao mesmo tempo louca....coitada dessa menina!!!!!!viver na solidão é a pior coisa q tem, e ela meio q vive na solidão e meio q vive do passado de lembranças...
ameiiii seu texto!
bj
PASMEI! :O
vc escreve muito! (:
parabéns! o/
lindo lindo lindo o/
bjo :@@
Que texto fascinante garota. Imaginei a lua, o frio gostoso que deve fazer neste horário. Mas acho que solidão é algo que colocam na nossa cabeça, naum sei se eu sou positiva demias, mas quando estou assim prefiro imaginar em um momento de auto conhecimento. ;)
Uau *-* muito bom³ mesmo
Li duas veses XD
Respondendo seu comentário: sim, sou eu ^^ recém fiz esse blog, porque o outro era muito ruim 9:
Adoro seu blog :*
Que forte. Lindo e forte.
Essa juventude tão esperada, tão cobiçada, sendo desperdiçada.
Gostei demais!
Putz! Muito Excelente a sua veborragia,...um jeitinho de escrever todo especial,...
Parabens pelo blog!
Me sinto obrigado a retornar!
Inté!
Postar um comentário