3 de jul. de 2008

SOBRE ISSO QUE AINDA SINTO...

Quando experimentei sair de casa, acabei
caída no chão úmido de uma calçada; com frio, fome e um mundo inteiro
olhando
pra minha dor. Não fiquei ali por muito tempo. Recebi uma ligação da
minha mãe,
que chorava desesperada do outro lado da linha. Tentei me
enganar. Mas no fundo
eu sabia que aquele choro era por ela mesma e não por
mim. A consciência às
vezes pesa. As pessoas apontam nas ruas e o coração
sente, mesmo quando os olhos
não vêem nada. O ar fica irrespirável. Eu sei
porque já senti.
Em casa, era
a minha consciência que deixava claro as
circunstâncias. Nada ia mudar a partir
daquela noite. Nada. A rotina, as
conversas, os olhares fugitivos... Tudo
continuaria igual, como se nada
tivesse acontecido. E realmente, nada demais
aconteceu. Pra quem já abriu
mão da própria família e não consegue sequer
tolerar algumas diferenças, uma
fuga rápida não significa muita coisa.
Sinceramente? Mal tenho forças. E o
estranho, é que sinto não precisar
delas. E sim, perder de uma vez por todas
as que ainda me restam, pra quem sabe
então, colocar um fim em toda essa
tristeza.
Nunca pensei que um dia pudesse
dizer isso, mas o que está me
mantendo viva agora é a minha covardia. Talvez,
mais tarde, eu até agradeça
a ela por ainda ter chance de acordar em manhãs de
primavera, ouvir músicas
esquisitas e brincar com o meu cachorro. Mas por
enquanto, adoraria poder
ser mais corajosa.

Um comentário:

Anônimo disse...

parece tolo dizer o que eu vou dizer, mas tudo bem, eu digo, eu sei como é isso por muito tempo vivi nessa covardia, quando ela foi emborA? não sei se foi, no fundo eu sei que ela ainda está em mim, na parte que mais me maxuca, mas é como diria aquela nova musica da Alanis, toda mudança começa no coração e só a gente tem a chave dele, só a gente pode tirar a covardia ou qualquer outra coisa de lá
eu estou com saudades, precisamos botar a conversa em dia.
te amo