30 de jan. de 2008

POR ONDE ANDEI, ENQUANTO NINGUÉM ME PROCURAVA...

Não é difícil encontrar um disfarce ideal no verão. Olhe da sua janela, chove ainda mais, e as gotas estão mais grossas do que nunca. Se eu saísse do meu latifúndio amarelo e deixasse para trás as futilidades de uma pessoa lunática, estou certa de que não me arrependeria fosse como fosse. Isso passa a ser simples e prático. Um meio covarde e maquiavélico, mas um tanto prático. Ninguém pode me impedir de abrir as portas, os portões, chutar as pedras e cair nas poças feito um bêbado. Qualquer bêbado não, está certo! Uma pessoa 'comum'. Imagine um homem traído e falido também, que corre para o boteco mais próximo para jogar os problemas no copo.

Que tempestade que nada, ventando ou apenas chovendo grosso na testa miúda, seria suficiente para abafar toda a minha ansiedade. Não dizem que ensopados são bons? Bebida, ensopados, cama e imaginação. Tirando da linha cama e imaginação, o que vale é a intenção de estar bem, não é mesmo? E quem se importa com um bêbado jogado na lama? A família do bêbado? E se o bêbado não tiver família e a esposa que o traiu fosse seu único laço? Desgraçado. Mas no caso, sou eu a desgraçada...

Não esquecendo de forma alguma dos amigos e inimigos. E quem não tem amigos, caça com os inimigos, devolvendo castigo, rasteira ou telefonemas na madrugada. Talvez, quem sabe, fazendo uma nova amizade com o contato repentino. Tudo está valendo agora, reação seja ela qual for e de quem for, é o que está contando nesse parágrafo.

São saídas estratégicas que estão inundadas de capricho. Na verdade, são os mesmos caminhos perdidos de sempre, mas a culpa é da impaciência e da solidão que o século trouxe. Essas crianças estão pervertidas demais, o metro está cheio de gente carnívora que contribui cegamente para os efeitos colaterais, fora os carros desgovernados, dirigidos por pessoas ainda mais desgovernadas. Ansiosas demais para enxergar um poste, ou até mesmo um bêbado.

São palavras jogadas ao vento da chuva. São remédios prescritos pela saudade que chega junto com a vontade de estar em outro lugar, em outro tempo, com outras roupas e aparência. Definitivamente não posso dizer que é definitivo. Ninguém sabe melhor do que eu, que a minha confusão é fruto de atritos involuntários. Ratos urbanos que querem comer, comer e comer. Eles lá ligam para os bêbados ou para as mulheres dos bêbados? Nem os ratos, nem os bêbados, nem os meus vizinhos e muito menos o Presidente da República. Aliás, quem é o Presidente da República? Quem são os meus novos vizinhos? Quem está perecendo agora?

Se eu abrir as portas, talvez os encontre por aí... caídos em alguma poça de lama.

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