27 de fev. de 2009

Um capricho na Brooklin Bridge!

Daria os meus donuts - todos eles, com o pacote e o troco - para vê-las de novo. Foi no fim de uma tarde cor de laranja, daquelas que o sol contorna os rostos. Você deve se lembrar de uma tarde assim, perdida no ano de 1997, o melhor de todos os anos. Não sei o que são beijos de amor desde aquele dia. Mas não falo do amor guardado nem do amor fadado ao clichê de ser só amor. Falo daquele que feliz coincide com a recíproca. Amor no plural, que foge dos substantivos e muda a forma de ser escrito, lido e falado. Amor que pode ser alterado, conjugado nas melhores e piores hipóteses. Um amor maior não pela extensão, se é que assim podemos dizer. Mas medido pelo frenesi, pela intensidade, e também pela complexidade de não ser apenas amor. Bastaram alguns minutos caminhando no Brooklyn Promenade. Estava sozinha ao olhar das pessoas metódicas. Ninguém caminhava ao meu lado, embora dentro de mim, alguém estivesse me acompanhando em pensamento. Além dos rostos que gostaria de rever, lembro-me de mais alguns que cruzaram os meus passos e me instigaram a curiosidade. Houve um homem, de aparentemente cinquenta anos, vestido com terno e gravata, suado e desesperado. Estava nitidamente doente de stress e observá-lo era como respirar um vírus e contagiar-se também. Houveram algumas crianças sentadas em um banco, que pareciam esperar algo. Se mais tarde não tivesse aparecido uma mulher para buscá-las, poderia jurar que esperavam um milagre. Depois, não vi mais ninguém que tenha me tomado a atenção. Diminui o ritmo dos passos e cruzando a Brooklyn Bridge, os meus olhos mergulharam naqueles cabelos mel, livres no vento. Parecia ter os seus dezenove anos de idade transbordando do corpo. Segurava a sua Leicaflex SL 72 Munich, que herdou do avô, e usava para fotografar os nossos passeios no Cristo Redentor. Era a mesma Dulce que eu vi crescendo comigo no internato, no Rio de Janeiro. Não havia mudado sequer o modo de se vestir. Sempre romântica, com o cor de rosa clarinho na pele. Parei diante dela, surpresa. E por mais que a memória quisesse trazer o filme da minha adolescência de volta, teve que ceder a mais alguns instantes de surpresa. Do seu lado estava Maria Fernanda. Já essa parecia outra pessoa. Só a reconheci porque estavam juntas. E elas sempre estiveram juntas. O cabelo estava curto, nos ombros. Mas os cachos castanhos continuavam iguais aos do tempo de internato. Esses duvido que um dia mudem... A partir daí o filme começou a rodar. De repente, voltei ao ano de 1995, quando pegaram as duas se beijando no bebedouro central. Foi uma triste confusão. Lembro do choro compulsivo em que Dulce se entregou nas primeiras semanas, quando os pais de Maria Fernanda resolveram mudá-la de colégio. Mais tarde, quando o ano letivo acabou, fiquei sabendo que as duas fugiram juntas. Mas não podia imaginar que escolheriam Nova York, como eu, para escapar da vida que levavam no Brasil. Acabei não falando com elas. Despedi-me das duas baixando os olhos, sem trocar palavras ou lembranças. Deixei-as para trás, diante do sul da ilha e fui para casa anoitecendo as saudades. Inspirada na Lua, que fazia o mesmo com aquela tarde cor de laranja...

13 comentários:

My fairy tale disse...

oieeeeeeeeeeee
eu adorooooooo teu blog bruna
;D
eu keria sabe aonde tu conseguiu esse fundo
=x
beijoooooooooooo

Erica de Paula disse...

Linda, tem um meme pra ti lá no meu blog!!!!!!!!]


Mil beijossss!

Anônimo disse...

Quanto tempooooo não passo por aqui...Adorei o texto!! É seu??

Super visu novo no blog tbm...vi a mudança na foto do perfil no orkut...éh...parece que está acontecendo uma revolução por essas bandas aí!! rss

Bjo!!

PS: Vou postar esse texto no meu, e dar os créditos so seu blo, depois me avisa se o texto é seu mesmo!


bjuuu

. disse...

Brunaa, eu amo o seu blog! Tipo, é super t.u.d.o!
Pergunta: você que faz esses desenhos qê você bota como título ?

adriana ornelas disse...

Eu de novo!! Que legal adorei sim o texto, por isso publiquei...deveria ter deixado para publicar no meu blog novo... =/. Quem sabe com o tempo para relembrar...

Isso mesmo estou de blog novo...agora somos "colegas de casa" [blogger]

bju, passa lá!

Beatriz Oliveira disse...

Se eu dissesse que não dá pra descrever o que é ler o que você escreve, iria soar muito clichê?
anyway, não dá mesmo. Mas esse post me lembrou o filme lost and delirious. e me fez pensar o quanto eu gostaria de fugir pra NY.

E acho que eu sou a única que ainda nqão vi o ep da naomi, morri.

lii disse...

pirei no teu blog. amei. tu escreves divinamente

Bruna Bo disse...

Lilah, seu perfil está indisponível! ;-;
Libera ai, vai! :D

Ivan Dognani disse...

eu digo que tu eh maaaara! *--*

Anônimo disse...

arrasou hein guria.. muito legal!

beijos e bom resto de fds

Mih disse...

Oi Bruna
Adoro seu blog,seus textos são super legais
Ah!E tbm vi o seu texto q foi publicado na Capricho!
bjss

meus instantes e momentos disse...

voltando aqui só para te desejar uma ótima semana.
maurizio

Alessandra Castro disse...

mermã soh posso dizer que tava MAIS DO QUE NA HORA da senhorita ser publicada. :)