Meia noite é uma boa hora para se pensar. Às vezes, isso é sinônimo de insônia. Mas pode ser uma boa chance para exercitar a imaginação. Eu não queria estar aqui, presa nesse quarto amarelo que meus pais construíram em março de 2003. O vento não chega, a claridade da Lua não chega, as estrelas ficam de longe, me observando trancada. Mas as coisas são como são. Ontem mesmo eu sorri olhando para o teto, sonhando com o dia em que vou abraçar com força os meus familiares mais próximos, empurrar um carrinho cheio de malas e acenar de longe, antes de desaparecer na multidão de empresários paulistanos e adolescentes em excursão. Sentir o vento que não chega, batendo nos meus olhos depois de ter enxugado mil lágrimas por ai. Então eu estaria parcialmente feliz. Porque regressar teria outro sentido: O de começar de novo e não restaurar as velhas lembranças. Talvez assim eu até pudesse entender melhor as pessoas. Ainda hoje, resisto ao amor, desconfio do dinheiro e culpo o passado-presente confuso da minha vida, que eu infelizmente não soube como montar. Ficou um quebra-cabeça incompleto, desmedido, cheio de falhas que talvez nunca se expliquem. Mas restaram coisas boas, claro. Beijos, amizades e músicas. Mesmo sendo apenas restos, meros, incalculáveis restos, são preciosos e só meus. Não por egoísmo, mas por vontade. Porque eu tenho medo de nunca conseguir escapar, sem contar que já se passaram quarenta e cinco minutos...
28 de ago. de 2008
12:45 AM
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4 comentários:
ótimo Post Brúh!
Eu as vezes me sinto trancada tambem.Fico olhando pras coisas no meu quarto.Abro a janela de noite e a unica coisa que me alcança é o vento que acaba batendo nos meus olhos.
bom find!
:*
LINNNNNNDO *-*
sem palavras.
bj ;@@
é incrivel como você transmite exatamente o que sente :)
te amo ;@
Ah que belo post, tb adoro a noite e seus misterios, pena que a vista capitalista meio que tomou isso de mim e acordar cedo é uma ordem agora.
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