26 de mai. de 2008

DE VOLTA

A ultima vez que me senti assim, foi
quando viajei pra Minas Gerais. Tinha escalado uma pedra gigantesca e estava
sentindo no rosto o vendo bater com violência. Subia um cheiro de fumaça,
que
saia do fogão à lenha de alguma casinha ali perto, e o mais incrível:
ouvia lá
de cima, alguns macacos gritando nas árvores embaixo do penhasco.
Depois desse
dia, mudei completamente. Existe uma Bruna antes da viagem a
Toledo e uma depois
da viagem. Não sei se agora vai ser assim, mas estou
sentindo a mesma coisa que
senti naquele dia de inverno: vontade de viver.
Um livro. Um livro me
transportou para longe. Não fui para Minas Gerais,
mas voei até o Afeganistão.
Voei e mergulhei em uma época desconhecida,
antiga e recente ao mesmo tempo. Foi
uma viagem linda nas idéias, mas
dolorida na realidade. A dor descrita naquelas
linhas, foi à mesma dor que
senti na pele, nos órgãos e na consciência também.
Senti que estava próxima
de encontrar uma chance para voltar a viver. Viver
mesmo, de verdade. E não
como estava vivendo antes: respirando por obrigação.
Estou certa de tão
poucas coisas. Cheia de incertezas, mas sem qualquer medo
do futuro. Como
naquele dia, no topo da pedra gigante. Também estou em um
penhasco e eu
preciso decidir se continuo olhando para baixo, ou se me jogo no
mundo como
sempre quis que acontecesse. Eu mudei, mas a duvida persiste.
A
minha
imaginação faz milagres, dignos de um porre em meio às festas melancólicas
que eu tanto gosto. Sei que fiz novos amigos essa noite. Sei também que são
amigos sem carne, caráter ou alma. Jamais vou encontrá-los nas ruas da minha
cidade ou nas ruas da cidade que me adota aos finais de semana. Mas mesmo
assim,
estou me sentindo abraçada por eles. Um abraço que não sentia desde
as férias do
ano passado. Um abraço caloroso que me faz menos fria do que eu
sou de costume.
Menos fria, menos humana e menos inconseqüente.
Disposta.
Estou disposta
a correr também. Seja para apanhar uma pipa
cortada, ou a minha própria vida,
que não pode mais me escapar.

3 comentários:

Alessandra Castro disse...

As vezes é assim mesmo, temos nossos sentimentos mais profundos aguçados por um livro, uma música, um filme, um cheiro...É como se de alguma forma, jás estivessemos ali antes, passado por algo do tipo e reconhencemos nessas lembranças um lado interno que antes estava intocado.

Tava com saudades dos seus textos. =**

Anônimo disse...

Ae, a Bruna está de volta :)
lindo o texto, te amo

Flávia Ruas disse...

Nossa, lindo.
Eu acho que eu tenho vontade de viver quando eu olho pro céu. Ou quando eu tou num cenário que lembra esse seu, de Minas Gerais, numa mata, ouvindo os pássaros, ou então vendo o mar.
Beijo