7 de abr. de 2008

SEGUNDA - FEIRA, 07 DE ABRIL

Fecho os olhos e a vejo ali, debruçada no pequeno caixão branco, repleto de margaridas. Nunca em toda a minha vida, presenciei tão amarga cena. Em uma cadeira que a deixava exatamente na altura do caixão, ela sentou e ficou acariciando o rosto pequeno e gélido do filho morto. Não falava muito, mas seus gemidos eram altos e o choro que engasgava em sua garganta fazia-me estremecer em tristeza e desespero. Era como se os seus carinhos de mãe pudessem fazê-lo voltar novamente. A cada gemido, a cada carinho e a cada murmúrio que ela soltava, era um choque que poderia a qualquer momento, fazer o bebê abrir os olhos e chorar pedindo o colo da mãe. Eu não podia ficar ali. Enquanto estava sozinha, chorando a minha tristeza em total sintonia comigo mesma, estava bem, mas pessoas foram chegando e um falatório irritante começou logo. Os sentimentos são mesmo um mistério. A tristeza de outrora foi substituída por uma grande revolta. Porque as pessoas gostam tanto de ver a infelicidade dos outros? Porque eles tratam os infelizes como atores de um espetáculo que pode acabar ou não? Os meus lamentos foram jogados ao vento ríspido que vagava do lado de fora do salão. Sentei-me em um banco do lado do cemitério da cidade e olhando as arvores que balançavam fortemente, deixando as folhas livres no ar, comecei a chorar outra vez. Será o amor de mãe maior do que o amor de um filho? Uma discussão interior, solitária e angustiante começava dentro da minha mente. Tive medo, muito medo de perder as pessoas que eu mais amo na vida. Não quero enterrar meus pais, mas penso as vezes se não seria ainda mais dolorido os mesmos terem de me enterrar. A consciência que tenho é que não viverei muito tempo. É algo que sinto, sempre senti. Talvez por não me cuidar como deveria, machucar-me e subestimar-me em momentos de desespero e depressão. Posso estar enganada, mas posso não estar. A minha vida não conseguia passar diante dos meus olhos naquele banco. Eu queria refletir sobre eu mesma, sobre a minha família que esta tão desunida, sobre meus pais que brigam com tanta freqüência; mas a única coisa que eu podia fazer naquele momento era olhar aquela paisagem triste, cenário de morte que logo estaria gravado na minha memória para sempre, ou fechar os olhos molhados deixando rolar mais algumas lágrimas e ver a cena de dentro do salão: a mãe debruçada sobre o caixão do filho. Em pensar que a um dia atrás estava feliz, bebendo, cantando e dançando em pleno domingo chuvoso. A felicidade dura tão pouca. Chego a sentir medo quando tudo parece estar bem e o meu reflexo no espelho não me causa repulsa alguma. É sempre questão de tempo até que alguém ou algo deixe em ruínas a minha alegria. Não estou reclamando! Não quero ser ingrata. Estou viva e com saúde, tenho meus pais aqui comigo e estou gostando muito de alguém. Mas porque a vida tem um fim? Viver pra sempre não seria bom, mas o ponto final da vida das pessoas que a gente gosta não deveria ser tão cruel. É como uma abreviação calculada, meticulosa, que abrange tantas almas e corações partidos. É como um plano, sabe? Um plano de Deus. Uma ação de Deus... Tenho certeza de que essas e muitas perguntas que eu fiz hoje não serão respondidas tão cedo, ou talvez nunca, enquanto eu estiver aqui. Mas as duvidas movem a minha vida. É um impulso, ou até mesmo um grito calado que me faz acordar todas as manhãs e esperar de olhos atentos algo que já conheço de vista... A morte.

7 comentários:

Alessandra Castro disse...

Ohh querida!

/me corre e abraça

Vai ficar tudo bem ok? Não é o fim, naum deve ser, certeza disso. Um mundo justo não pode terminar como um filme ruim, naum pode.

Unknown disse...

Já tentei entender o lance da morte, mas vi que só morrendo pra saber. Alá, deus, a força ou sei lá o quê não é tão justo como dizem por ae.
O pior é o sentimento pelos q se vão.
Bjos bb

Nathália Affel disse...

Nossa, desculpa a demora para voltar aqui!

eita, linda...
ter força nessas horas ajuda muito!
Eu não sou a melhor pessoa para comentar uma coisa assim...a morte pra mim é tão...dolorosa...

Rod-B disse...

Nossa bruninha...vi sua prima sentida no orkut e dei uma passda aqui...apesar de não saber de quem se trata sinto muito por vcs XP...força garota^^

bjs,té mais (rô)

Anônimo disse...

oi, só queria dizer que eu gostei do seu texto :D

Anônimo disse...

faço umas rimas meio pobres (adoro rimas)
hihihi

Thaís Velloso disse...

ai, que triste :/
blog tah lindo
:*