5 de dez. de 2007

A morte pode ser o título

Hoje o dia acordou "morto" como disse um amigo meu. Pra mim, essa expressão cabe perfeitamente em manhãs nubladas, com chuvisco chato e preguiça contagiante. E hoje, o dia começou bem assim mesmo. Alias, começou e pelo visto vai acabar dessa mesma forma.

Mas não é de tempo que quero falar nesse post. Os dias passam, vem o sol, volta a chuva, o sol retorna e assim sucessivamente. É uma lei da natureza que temos que respeitar. Mas agora e a morte? Comecei o post falando do dia "morto" justamente pra tocar nesse assunto. Não é uma coisa que eu gosto de falar; sempre que alguém começa um diálogo sobre isso eu me sinto estranha, querendo ouvir explicações, tentando entender essas explicações, mas é sempre em vão. Porque todas as minhas duvidas continuam crescendo como uma grande bola de neve.

Uma vez li em uma crônica que nem toda morte é uma tragédia. Que mesmo com a falta de alguém querido e com a tristeza dessa perda; é possível sim manter uma vida normal, sem desespero. E eu que sempre achei que tudo podia ser controlado, passo a discordar dessa teoria agora. Acabei de me colocar no lugar de um amigo que perdeu alguém mais do que especial. Também me coloquei no lugar de uma moça que perdeu duas pessoas especiais. E por fim, me coloquei no meu próprio lugar, imaginei mil coisas nas quais eu poderia passar; e fiz nos pensamentos as cenas que eu provavelmente teria de enfrentar.

Foi barra pra mim.

Mais que isso. Eu perdi completamente o controle da vida. E ai, como é que fica essa teoria de viver sem mais problemas? É por isso que nunca gostei de teorias; é fácil falar e dar explicações quando se pensa que as coisas são mais simples que parece. Mas quando acontece com agente, a historia é outra, e fica difícil mesmo encontrar um rumo novo pra nossa vida...

Talvez a morte seja mais que um ciclo, uma fase ou um fim. Talvez a morte seja, assim como o sol e a chuva, uma lei natural. Um fato inevitável, uma forma de refugio, uma fraqueza, talvez até um desafio, mas nunca um acontecimento normal.

Um comentário:

Eliezer Muniz disse...

É engraçado como num "dia morto" se faz renascer a vida. Não a Vida, essa natural reverberação cíclica, que constitui uma dimensão vivente aos seres metabolizantes... acho que não. Falo talvez da vida, essa mesma, que brota de um dia nublado e cresce numa página em branco: "o que é um amor que se transforma num bom dia"