27 de jul. de 2008

DE NOVO, NÃO.

Enquanto tocava uma música do Avenged Sevenfold e o ruído da serra elétrica do vizinho tentava competir com o som que vinha do seu quarto, ela encostou a cabeça nas grades do portão e foi se abaixando devagar, caindo em câmera lenta como em uma cena de novela que tinha visto na TV. Começou a se lembrar da madrugada anterior, em que reencontrou um amor que ela pensou ter deixado no passado-presente confuso da vida dela. Um amor que a fez pensar se realmente valia a pena sofrer, acordar às oito horas da manhã, falar bobagens e ouvir mentiras. Um amor que ela jurou ter esquecido, junto com todos aqueles papéis amarelos, canetas sem tinta e crachás velhos, dentro da gaveta. Mas a madrugada anterior deixou a nossa menina com o coração nas mãos... Às vezes percebia que estava como antes, com cara de boba, rindo das coisas que ele falava, mesmo quando não tinha tanta graça assim... Queria estar do lado dele, ouvindo a sua voz, olhando no fundo dos seus olhos e desejando o tempo todo tocar nas suas mãos outra vez. Que noite teve a nossa menina... Voltou pra casa com o pensamento perdido, e vez ou outra, olhava as pessoas sentadas nos bancos do metrô, rindo e falando besteiras. Mas quando se via perdida nas conversas alheias, a imagem dele vinha na cabeça e ela baixava os olhos e os ouvidos obedeciam aos outros sentidos. Parecia uma insana calada, dessas que só de olhar, percebe-se que algo a está atormentando ou machucando mesmo, bem doído na alma. Chegou em casa já era quase duas da manhã e fingiu, mais uma vez, que tudo estava sob controle.

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